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A mostrar mensagens de dezembro, 2015

Wilde, Nietzsche e Pixies

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"E se a vida for, como certamente é, um problema para mim, também eu serei decerto um problema para a Vida." Oscar Wilde (in: De Profundis) Para alguns é isto. Um esforço contínuo de construção que se revela inglório. Tenta-se desenhar a vida, lutar por objectivos, por uns momentos tudo parece andar, apenas para se constatar, mais uma vez, que afinal não. Auto-sabotagem. Falta de força de vontade. Tantos nomes podemos dar, frentes para explicações e julgamentos. Não se faz de propósito, acontece. Vem o ano novo e desejamos diferente. Desejamos. Será? Daremos espaço ao desejo? Teremos a tenacidade de o transformar em acção? Desejo sem acção será desejo? Ou ilusão? O sonho só comanda a vida se acordarmos para a viver. Como se sai do círculo? "Sofrer é um momento muito prolongado. Não podemos dividi-lo por estações. […] Para nós o tempo não progride. Ele gira. Parece circular em torno de um centro de dor." Oscar Wilde (in: De Profundis) Girar em tor
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Desejo um feliz Natal a todos. Desejo um feliz dia a seguir ao Natal. E o outro a seguir também. Desejo um feliz ano de 2016. E também de 2017. Desejo vidas felizes a todos, famílias e amigos felizes, países felizes. Desejo um planeta feliz. Desejo que cada um encontre o caminho que precisa para viver a vida como quer, como sente, e não como tem de ser ou como é suposto. Gente feliz é gente boa. Gente feliz não precisa de guerras a sério, brinca às guerras, joga, constrói, não mata. Gente feliz contribui para a felicidade dos outros. Gente em quem as cores de dentro condizem com as cores de fora, diz aos outros que podem viver a sua verdade também. Desejo verdade, relação, sorrisos sólidos, abraços grandes, encontros. Encontremo-nos.

Luas e gatos

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Olhei o céu e a lua fez-me lembrar o gato da Alice no País das Maravilhas.  Há sorrisos que nos ficam depois das pessoas se irem. Parece que se colam a nós e deixa-nos bem dispostos, quer queiramos quer não. Há quem apareça e desapareça de forma inesperada. Que desorganizador é... ora agora está, ou apenas uma parte... para aparecer na sua totalidade esmagadora no segundo a seguir e sumir-se deixando sua voz em eco.  Há quem nos interpele, nos faça perguntas estapafúrdias (como gosto desta palavra) e por isso mesmo nos deixe a pensar. O que será que quer de mim? Provavelmente nada. Está só a confundir-me. Mas talvez... talvez não seja tudo assim tão disparatado. Talvez haja grandes verdades sábias no meio do... e lá se foi... mas a interrogação ficou. Se não sei para onde vou, para que interessa a direcção ou o caminho? Alice caminha enquanto pensa.  Há momentos que nos levam repentinamente ao passado. A sala da vida de criança, o VHS e o filme da Alice, vez

O que seria da vida se tudo corresse como devia?

Chego 20 minutos antes da hora. Uma senhora abre a porta do prédio e eu subo ao 3º andar. O meu ex liga-me a dar-me os parabéns, ainda estou ao telefone quando saio do elevador. À porta da clínica, 3 pessoas. Assim que desligo, o homem pergunta "É a dra. Maria João?" Respondo que sim. "Nós vimos para si". "Ah, bom dia", respondo, "e ainda não chegou ninguém?" Constato o óbvio com a pergunta inútil. O casal, em pé ao pé da porta, é suposto trazer uma menina a quem vou fazer a avaliação, mas não a vejo. A outra mulher está sentada nas escadas. "Isto hoje está complicado", diz a mãe, "ela não queria vir. Desejo-lhe boa sorte hoje com ela. Do fundo do coração, boa sorte." Resolvo ligar a quem nos vem abrir a porta - está a caminho. A mulher das escadas pergunta se eu estava a falar com a sua psicóloga, digo que sim. "Ela deve se ter esquecido de mim". Digo rapidamente que não, que ela me disse ao telefone que ia ter uma