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A mostrar mensagens de novembro, 2015

"O mundo real está mais psicopático que o virtual"

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Tela de Fernando Diniz, na mostra “Imagens do Inconsciente”, em Paris Encontrei esta frase no facebook, num grupo de título Depressão, onde deprimidos brasileiros partilham os seus sentimentos, experiências, vitórias e dificuldades. Falava-se de largar o facebook, de viver a vida real. Esta mulher, maquilhada e enfeitada, com um enorme sorriso na foto de perfil e um "Freedom" na foto de capa, fala de como a medicação a deixa lenta e de como não consegue seguir com rapidez as conversas dos outros. Diz que no mundo virtual ainda consegue encontrar gente com quem conversar, mas no mundo real ninguém "está muito a fim" de dar atenção a alguém. É verdade que é próprio da depressão ver o mundo mais negro, mais negativo, enfatizar o que é mau e o que nos desliga dos outros. Mas aquela frase teve impacto em mim - "O mundo real está mais psicopático que o virtual." Desde há anos que ando a contrapor quem se queixa que as pessoas já não comunicam porque anda

Tolerância

to·le·rân·ci·a substantivo feminino 1. Condescendência ou indulgência para com aquilo que não se quer ou não se pode impedir. 2. Boa disposição dos que ouvem com paciência opiniões opostas às suas. 3. [Medicina] Faculdade ou aptidão que o organismo dos doentes apresenta para suportar certos medicamentos. Tolerar, em português significa, e perdoem o tipo de português que usarei em seguida, ter de levar com as cenas que a gente não grama nem pintadas de ouro. Mas não podemos mudá-las, que era isso que a gente queria. Torná-las boas para nós. O que quer dizer que são más. Não podemos porque não conseguimos, ou porque fica mal. E ficar mal é mau também. to·le·rar verbo transitivo 1. Sofrer o que não deveríamos permitir ou o que não nos atrevemos a impedir. 2. Consentir; permitir; deixar passar. Por isso deixamos passar as cenas com que temos de gramar. Os tolerantes somos nós todos, nas nossas impotenciazinhas diárias. Porque temos de ser bonzinhos. Porque somos bons, claro que so

Liberté, Egalité, Fraternité

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li·ber·da·de (latim libertas, -atis) substantivo feminino 1. Direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem. 2. Condição do homem ou da nação que goza de liberdade. 3. Conjunto das ideias liberais ou dos direitos garantidos ao cidadão. 4. [Figurado] Ousadia. 5. Franqueza. 6. Licença. 7. Desassombro. 8. Demasiada familiaridade. i·gual·da·de (latim aequalìtas, -atis) substantivo feminino 1. Qualidade de igual. 2. Relação entre coisas ou pessoas iguais. 3. Correspondência perfeita entre as partes de um todo. 4. Organização social em que não há privilégios de classes. 5. Equação. 6. Sinal aritmético de igualdade (=). fra·ter·ni·da·de substantivo feminino 1. Parentesco de irmãos ou irmãs. 2. União fraternal. 3. Amor ao próximo. 4. Boa inteligência entre os homens, harmonia. in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013, www.priberam.pt

Cry if you want to

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Imagem roubada do facebook da Melanie de Acantara Carreira Olhei para esta imagem e pensei: a quantidade de gente que pede desculpa por chorar, sentada no sofá à minha frente, no meu consultório. É realmente estranho que uma pessoa vá a um psicólogo e depois peça desculpa por chorar. Estarão a pedir desculpa a mim? São habitualmente as mulheres que choram. A caixa de kleenexs em cima da mesa raramente é usada - tiram lenços das malas, como se um pudor as impedisse de usar os lenços do outro e os conspurcar com o seu corrimento nasal. Talvez o mesmo pudor as faça guardar os lenços sujos, não os deitam no caixote. Como quem guarda as suas dores. Talvez seja a dignidade se responsabilizar pelas suas dores. Ou o medo de as entregar a outro. Ou a vergonha de não as conter, estoicamente, como acham que seria suposto. O ranho feito humanidade meia suja, tão verdade que não se pode deixar por aí.  Habitualmente, são as mães que procuram ajuda para os filhos, as que mais choram. Vêem

Máscaras

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Imagem roubada do facebook da Catarina Cardoso. Será depressão ou adaptação? Será vergonha ou salvaguarda da intimidade? Hipocrisia? Mecanismo de defesa? Falsidade? Mentira? É coisa dos outros ou de todos nós? Tenho vindo a perceber que as pessoas-verdade são fáceis de identificar. Essas são diferentes das outras todas que fazem um esforço maior ou menor para viver todos os dias à vista do mundo. Acho que a maioria de nós é assim mais ou menos. As nossas máscaras são mais ou menos transparentes. Escolhemos onde podemos mostrar mais, onde temos de "ser" alguma coisa, avaliamos o que esperam de nós. As pessoas-verdade não. São aquilo e pronto. Não estou a falar das pessoas honesto-agressivas, as que dizem o que pensam na cara, porque são muito directas, com grande orgulho empunhado tal revólver. As pessoas-verdade não agridem. Podem também não agradar, mas habitualmente não criam anti-corpos. Porque tenho para mim que não sou a única a identificar as pessoas-verdade