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A mostrar mensagens de fevereiro, 2016

A pele dos bebés

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Mother and Child de Gustav Klimt Há algo na pele dos bebés. Todos sabemos que sim. O cheiro, o macio, a suavidade. Os bebés foram feitos para nos dar vontade de dar colo. Principalmente os nossos bebés. Quando somos mães/pais, a pele do nosso bebé é algo que tende a recompensar todas as noites sem dormir. E um dia, acordamos (com o bebé a chorar, claro) e ele/a está coberto de escamas, borbulhinhas, vermelhidão, parece incomodado e tenta coçar-se. O que aconteceu?  Este não é um texto sobre dermatologia. Os pediatras sabem muito sobre os diagnósticos e os cremes que vão, na grande maioria dos casos, resolver facilmente a situação. Então porquê falar disto? Porque existe uma relação entre a pele e os afectos.  Na forma mais básica e primária de dar amor, está o contacto pele a pele. A alimentação, a higiene, o controlo do calor e do frio, o acalmar do choro - tudo se passa com e através do contacto físico. O bebé torna-se pessoa, psicologicamente falando, porque vai toman

"Não nascemos para ser felizes"

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Foi no Colóquio "Psicoterapia em Portugal - realidades e desafios", organizado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses, que ouvi esta frase: "Nós não nascemos para ser felizes, nascemos para sobreviver". A Dra.  Susana Veloso da Associação Portuguesa das Terapias do Comportamento falava de como este tipo de terapias funciona e porque as pessoas o procuram. Não é o tipo de terapia que eu pratico, mas isso agora pouco importa. O que importa é que não nascemos para ser felizes. E nisso concordo com a Dra. Susana Veloso. Então nascemos para quê? Estas perguntas levam-nos sempre para um de dois caminhos: o das profundezas da filosofia, da religião, da espiritualidade; ou o da simplicidade - nascemos porque os nossos pais quiseram. Será? É inegável que não pedimos para nascer, que quem toma a decisão de trazer uma criança ao mundo é, se tudo correr bem, um par de pessoas que se amam. Portanto, nascemos porque alguém quis. Um par de gente quis-nos, mesmo antes de hav

Caxias

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O que escrevo hoje tem menos a ver com os factos conhecidos, que ainda são poucos para saber a verdadeira história, mas sobre o que vai passando na cabeça das pessoas que assistem a estas notícias. As vozes procuram culpados - a culpa é do Estado que não deu resposta, é da mulher que matou as filhas, é do homem culpado de violência sobre a mulher e abuso sexual da filha de 4 anos. Precisamos de culpas. Alguém comentava algo do género: não entendo estas pessoas que se querem matar e decidem matar os filhos também. Pois, ainda bem para essa pessoa que não entende. Lembra-me aquela cena do filme A Queda, em que a mãe mata os seus filhos para em seguida se suicidar. Não por estar numa situação de violência no presente, mas por a antever no futuro, por não querer viver num mundo em que o III Reich não existisse.  Mas voltando a Caxias. Sem saber o que de facto aconteceu, volto reforçar, imagino. Imagino uma mulher a viver sob ameaça, em permanente medo, a dizer a si própria que aqu