O bebé. O casal. A aldeia. A estrela.

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O Natal é muita coisa diferente para diferentes pessoas. Mas religiões à parte, o Natal entrou nas tradições da maioria como uma comemoração da família. A família é essa coisa que leva muitas pessoas a escrever muitas coisas. Que isto já não é o que era, que está tudo pior, são os divórcios, os pais que trabalham demais, as crianças que têm coisas a mais e tempo a menos. Prendemo-nos ao modelo de família tradicional e achamos que esse é que tinha tudo resolvido e direitinho e que produzia crianças / futuros adultos saudáveis. 

Pois.

O mundo gira, a humanidade muda, os tempos são outros. Mas continuamos todos a ser gente. E todos, todos (excepto uma ínfima quantidade de gente doente) queremos o melhor para os nossos filhos. 

Por isso lemos estas coisas que os psis escrevem. Queremos ser bons pais. Mas também queremos ser livres, realizados no trabalho, ter relações conjugais felizes, vidas sociais que nos preenchem. Será tudo assim tão incompatível? Precisarão as crianças da mãe que trabalha em casa e que cuida e do pai que traz o sustento e que disciplina?

Não. Mas precisam de algumas coisas.

Precisam de dois progenitores. Dum pai e duma mãe. Ou de dois pais. Ou de duas mães. Ou da mãe viúva que mantém viva a memória do pai. Mas dois. Para que sejam três. 

Precisam do masculino e do feminino. Do diferente. Do que equilibra um lado e outro. Do que dá mimo e colo e do que dá empurrão para a frente. Nas palavras do Coimbra de Matos "quando a criança cai e esfola o joelho, a mãe dá um beijinho e o pai um chuto no cu". Não confundo isto com papéis rígidos em cada progenitor. Precisam destas duas coisas, que vêm dos dois. 

Precisam da aldeia. Do fora da família nuclear. Dos avós, dos amigos dos pais, dos vizinhos, do senhor da mercearia, dos adultos da escola, dos amigos. Precisam de mundo, gradualmente maior à medida que crescem. 

E precisam da estrela. Do amor que une o casal que fez nascer a criança. Do passado, das histórias repetidas envoltas em abraços, do milagre que é o início da existência. E da fé que pode ser num qualquer Deus ou em nenhum, mas a fé que nos diz que a vida é boa, que ser gente é bom, que temos esperança, que nos brilham os olhos, que os outros são irmãos, que somos preciosos. A fé que nos faz generosos e sensíveis, com os outros e connosco próprios. 

São estes os meus desejos para as crianças neste Natal: o bebé, o casal, a aldeia e a estrela. 

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