Luas e gatos



Olhei o céu e a lua fez-me lembrar o gato da Alice no País das Maravilhas. 


Há sorrisos que nos ficam depois das pessoas se irem. Parece que se colam a nós e deixa-nos bem dispostos, quer queiramos quer não.



Há quem apareça e desapareça de forma inesperada. Que desorganizador é... ora agora está, ou apenas uma parte... para aparecer na sua totalidade esmagadora no segundo a seguir e sumir-se deixando sua voz em eco. 



Há quem nos interpele, nos faça perguntas estapafúrdias (como gosto desta palavra) e por isso mesmo nos deixe a pensar. O que será que quer de mim? Provavelmente nada. Está só a confundir-me. Mas talvez... talvez não seja tudo assim tão disparatado. Talvez haja grandes verdades sábias no meio do... e lá se foi... mas a interrogação ficou. Se não sei para onde vou, para que interessa a direcção ou o caminho? Alice caminha enquanto pensa. 



Há momentos que nos levam repentinamente ao passado. A sala da vida de criança, o VHS e o filme da Alice, vezes sem conta. As frases do gato decoradas e repetidas entre risos com a irmã. 



Talvez estejamos mais lá que cá... Talvez só às vezes e depois voltamos.



Há quem nos devolva as perguntas, nos faça dar a volta até que perguntamos a nós o que queremos que os outros respondam. Talvez seja loucura. Talvez sejamos todos loucos. Como José Paz disse no sábado*, se os pacientes descobrissem que estamos todos no mesmo barco da loucura estávamos tramados.



Mas para onde desaparece o gato de Alice? Sabe-se lá. Ouve-se a voz, cola-se o sorriso na memória, reencontra-se no céu de Lisboa. Mistura-se tudo em textos com pouco sentido. Não faz mal. Dá gozo escrever. 





*Homenagem a António Coimbra de Matos, 12/12/2015, na Gulbenkian

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