Janelas


Escolhi janelas para pôr no meu site e na minha página de facebook. Queria algo que simbolizasse o que acontece no processo terapêutico. A escolha não era fácil, e quando me lembrei das janelas agarrei-me a essa ideia e andei a ver imagens de janelas no google durante mais tempo do que gostaria de admitir.
Abrir janelas. Ver lá para fora.
As portas pressupõem sair de um sítio e ir para outro, e a psicoterapia também pode ser isso, mas não necessariamente. O nosso sítio, a nossa casa, o nosso eu, a nossa identidade é algo a que nos agarramos mais do que a qualquer outra coisa, mesmo à custa de sofrimento e risco. Por isso a mudança custa, demora, sabemos quem somos, mais ou menos, mas sabemos, reconhecemo-nos. A ideia de nos perdermos é mais assustadora que qualquer outra, talvez até mais assustadora que a de morte (para quem acredita que a morte é de facto o fim), pois perdermo-nos traz a ideia de continuarmos a viver, mas com uma incógnita de tal forma enorme que não pode ser equacionada de um dia para o outro.
Por isso é preciso outro para mudarmos.Sozinhos repetimos. Mudamo-nos nas relações. Relações que abrem janelas, que nos permitem ver mais, diferente, e não só ver, mas sentir, a sensação de estar à janela, de ver a vida e o mundo, de poder ficar e sair e voltar. Essencialmente, respirar, deixar a vida entrar, com segurança no nosso sítio, com liberdade. E com prazer.

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