SPC - VO

Psicologia para a comunidade*



O Serviço de Psicologia para a Comunidade da Voz do Operário abriu portas em Junho. Desde então estamos a fazer um trabalho intensivo de contacto com as organizações locais nas duas áreas geográficas de Lisboa onde a Voz do Operário se encontra e onde funciona o serviço – Graça e Ajuda/Alcântara. Temos sido bem recebidos por todos. O bom nome da Voz do Operário precede-nos e sente-se a confiança que os técnicos têm na nossa instituição, comprovada pelos utentes que já começaram a chegar.

Algo tem sido constante nestes contactos – todos os técnicos falam das dificuldades sentidas em termos de sítios para onde encaminhar pessoas que não têm rendimentos para pagar consultas de psicologia no privado, dado que o Serviço Nacional de Saúde não dá a resposta necessária e suficiente. Os próprios psicólogos dos Centros de Saúde procuram respostas para onde enviar pessoas que precisam de acompanhamentos sistemáticos e prolongados. É um sinal evidente do estado do país, quando em todas as reuniões com estes técnicos (psicólogos em escolas, centros de saúde, instituições, técnicos de serviço social, directores pedagógicos de escolas e jardins de infância, directores técnicos de creches e centros de dia), se fala das famílias e pessoas que não poderão pagar mesmo os nossos preços mais baixos.

O Serviço de Psicologia para a Comunidade da Voz do Operário oferece consultas de psicologia clínica e educacional a preços por escalões, calculados conforme os rendimentos per capita do agregado familiar. Os preços variam entre os 10 e os 40€ por consulta, sendo que a primeira consulta tem um preço fixo de 25€. O problema está em que há muitas pessoas que não conseguem pagar 10€ por semana. A Voz do Operário não tem qualquer financiamento externo para suportar este serviço – a Segurança Social não tem programas de financiamento para este tipo de actividade. No entanto, sabemos da necessidade existente num país em que 1 em cada 5 pessoas tem problemas do foro psicológico, incluindo as crianças. Uma das linhas de trabalho do SPC/VO neste momento é estudar formas alternativas de financiamento para estas famílias que não podem aceder mesmo ao escalão mais baixo.


Estamos a trabalhar para colmatar uma falha que sabemos premente e importante, contribuindo desta forma também para manter vivo o propósito da Voz do Operário de ajudar a construir um mundo melhor, com pessoas mais saudáveis e capazes. As mudanças são difíceis e levam tempo, mas são possíveis e muito recompensadoras.


* artigo publicado no Jornal A Voz do Operário, ano 137, número 3026, de Outubro de 2015 (com alterações do editor)

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Wilde, Nietzsche e Pixies

estranhaspolíticas

A pele dos bebés